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Deu Match!?

Vizinhos e com amigos em comum, Licka e Felipe só se conheceram no Happn

Deu Match!?

23/03/2019 04h00

"Quando nos encontramos pela primeira vez fiquei encantada com o sorriso dele", Licka Correia. Crédito: arquivo pessoal

Licka e Felipe cresceram e passaram parte da vida adulta na Cohab Raposo Tavares, em São Paulo (SP). Foi ali que se encontraram pela primeira vez, apaixonaram-se e decidiram dividir o mesmo teto. Sem conhecer os detalhes, parece apenas mais uma história comum. Porém, o caminho que percorreram até se conhecer foi permeado por coincidências e contou ainda com a ajuda de um aplicativo: o Happn.

A produtora cultural Leiliane Correia, 34, conhecida como Licka, mudou-se para o conjunto habitacional na infância. A tumultuada separação dos pais, quando tinha dez anos, fez com que ela visse o casamento como algo ruim.  "Eles viviam mal. Era um relação horrível e a separação também foi assim. Crescer neste ambiente confuso me levou à depressão."

Foi buscando ajuda para curar seu mal que começou a frequentar uma igreja evangélica, onde conheceu o primeiro marido, com quem ficou casada por oito anos. "Foi um relacionamento absurdamente abusivo. Tudo o que eu vi minha mãe passando dentro de casa com o meu pai e que fez com que eu não tivesse vontade de casar, aconteceu comigo", relembra.

No início de 2017, devido a problemas de saúde da mãe, a jovem voltou a morar na Cohab. "O desgaste da separação me fez ver que eu não estava bem para passar sozinha por esse processo e, como minha mãe precisava ter alguém que cuidasse dela, resolvi retornar."

Uma chance aos apps

Conforme a mãe melhorava, Licka entendeu que, mesmo fragilizada, queria ter uma companhia, que era a hora de tentar encontrar alguém novamente. Foi aí que uma amiga sugeriu que ela entrasse em um aplicativo de relacionamento, pois, dessa forma teria contato com gente do bairro inteiro. "Lembro de achar besteira porque conhecia todo mundo da minha idade e, também, os pais e avós deles. Ao mesmo tempo comecei a pensar que poderia funcionar para os momentos em que saísse dali, porque, por mais que estivesse focada em alguma outra coisa, o app 'agiria' para que eu fosse notada".

"Escolhi instalar o Happn porque não estava interessada em algo casual. Queria conversar, possivelmente me relacionar", conta Licka. Na primeira vez que saiu com alguém que conheceu no app não deu muito certo, o que fez com que a produtora desinstalasse a ferramenta.

Foi sua mãe quem a convenceu a tentar novamente. "Ela me aconselhou a não ser tão radical e disse que na vida era normal que pessoas erradas surgissem até que eu encontrasse a certa. Decidi arriscar mais uma vez e a segunda foto que apareceu foi o Fê. Eu o achei lindíssimo e dei um coração para ele, que já tinha feito o mesmo com o meu perfil".

O primeiro encontro

Licka se assustou com o jeito direto do técnico de aquecedores Luiz Felipe Teixeira de Souza, 34, que pediu para conversar com ela pessoalmente já no primeiro bate-papo virtual. Assustada, ela resolveu marcar o encontro para o dia seguinte, mais cedo. No horário marcado, trocaram mensagens e ela perguntou quanto tempo demoraria para que ele chegasse. "Quando o Fê respondeu 'cinco minutos' e, em seguida, falou a localização, vi que o prédio era realmente perto do meu".

"Nesse dia, conversamos por duas horas e foi incrível. Ali, comecei a assimilar quantas coincidências existiam em nossas vidas. Percebemos que andamos com as mesmas pessoas na adolescência, que tínhamos amigos em comum, mas nunca havíamos nos encontrado no mercado, nas ruas, em lugar algum", recorda Licka.

Resolveram continuar a conversa no apartamento dele, onde Felipe contou toda a sua história: também tinha passado boa parte da vida na Cohab, de onde se mudou em 2005, quando casou. No ano seguinte, foi para o Japão, com a primeira mulher, mãe de seus dois filhos, onde permaneceram até 2009. Em 2012, voltou a morar no conjunto habitacional, a princípio com a família e, sozinho, depois da separação em 2017.

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No meio da conversa, Licka disse que tinha vontade de ter o canto dela para, entre outras coisas, criar um cachorro bull terrier, raça pela qual era apaixonada. Felipe abriu o celular e mostrou fotos com o mesmo cão, pois esse também era o sonho dele. "Achei que tivesse colocado algo sobre isso no meu perfil e que o Fê estava tentando me conquistar, mas ele realmente não tinha como saber".

Ela lembrou de uma pessoa que tinha um casal de cães dessa raça e, ao entrar no Instagram dela, para perguntar sobre isso, viu que havia postado um vídeo há pouco tempo ajudando a cadela dele a parir uma nova ninhada. "O Fê ficou tão empolgado com a ideia de realizar o sonho que enquanto falávamos sobre isso aconteceu nosso primeiro beijo. Senti como se já estivéssemos juntos há muito tempo. Naquela noite não rolou nada além disso. Ele dormiu de mão dada comigo e eu fiquei acordada, em choque com tudo que estava acontecendo em minha vida".

A tatuagem em homenagem a bull terrier Tereza simboliza uma aliança para o casal. Crédito: arquivo pessoal


O amor aconteceu

Eles começaram a namorar, mas, para Licka, faltava um detalhe para sentir que a relação era para valer: conhecer os filhos de Felipe. "Pensava que se ele me apresentasse os meninos é porque estava levando a sério mesmo. Quando o dia chegou, eu, que sou confiante, me vi ansiosa, a ponto de ter uma dor de barriga de nervoso. Mas, quando olhei para eles, achei as crianças mais lindas do mundo. Daquele dia em diante a ansiedade foi diminuindo e vejo neles os filhos que eu gostaria de ter tido, se fosse mãe."

Dois meses depois, chegou Tereza, a cadelinha dos dois. Como Felipe fez vasectomia e Licka já tinha apresentado dificuldades para engravidar anteriormente, eles dizem que a bull terrier é como se fosse uma filha para eles. "Fizemos enxoval para ela. Foi emocionante buscá-la e a primeira vez que os meninos a conheceram. Ali senti que éramos uma família!"

A aliança entre Licka e Felipe foi selada com uma tatuagem em homenagem a Tereza.  "Muita gente fala que se sente motivada a instalar aplicativos de relacionamento quando sabem o que vivemos. Nos divertimos e ficamos felizes com a ideia de que influenciamos pessoas com a nossa história", finaliza animada.

Por Eligia Aquino Cesar, colaboração para a Universa

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