Os aplicativos estão acabando com os relacionamentos sérios?
O romance está morto? Pelo menos, é o que muita gente pensa. Com a chegada dos aplicativos de relacionamento, existe a percepção de que a procura pela curtição tem aumentado e menos interesse por uma relação mais sólida. Mas será que isso é verdade?
Em primeiro lugar, a chegada da tecnologia no campo amoroso nunca foi tão bem-vinda. Segundo um estudo publicado pela Associação de Sociologia Americana, a internet tem ajudado as pessoas a encontrarem mais facilmente um parceiro (ainda que de maneira efêmera), especialmente as minorias ou pessoas mais velhas. Com mais opções e mais chances de socialização, são várias as oportunidades criadas que não existiriam não fossem os aplicativos.
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O que pega, no entanto, é se essas relações iniciadas online realmente duram. As respostas se dividem. Um estudo da Academia Nacional de Ciências dos EUA mostra que casamentos que tiveram início online são menos propensos a terminar do que para aqueles que se conheceram offline. Mas um estudo publicado na revista "Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking" defende o oposto.
O que importa, mesmo, é outra coisa, segundo a psicóloga Ohara de Souza Coca. Para ela, o que impede que as relações vinguem gira em torno do que as pessoas buscam versus o que elas estão disponíveis a oferecer.
"Existe um conflito muito grande. O ideal de amor romântico e a busca pela completude é muito grande, mas, geralmente, as pessoas não estão disponíveis afetivamente. Querem suas necessidades atendidas, mas não se relacionam de fato com o outro. O medo de se relacionar ou de sofrer gera insegurança. E, em uma relação, não há garantias", afirma ela.
Os usuários de aplicativos reagem a fotografias e escolhem seus pretendentes com base em fotos e descrições que nem sempre refletem a realidade. Uma vez que o engajamento pode ocorrer com essa "fantasia" virtual, ter que manter as aparências também pode ser uma grande barreira ao estabelecer uma conexão com o outro.
"No início dos relacionamentos, quando estamos apaixonados, a tendência é se relacionar com ideais projetados. Conforme a paixão vai se esvaindo, enxergamos o outro como ele realmente é, com suas qualidades e defeitos reais. É nesse processo que muitos casais rompem, descartam a relação e reiniciam a busca por outro alguém ou se recolhem para elaborar a perda", conta Ohara.
Assim, por mais que a chama inicial possa existir na relação iniciada em um app, como fazer para que ela se mantenha e que seu match deixe de ser apenas um "contatinho" e se transforme em um relacionamento sério? Antes de tudo, Ohara diz que é preciso ter amor próprio antes de entrar em uma relação. Sem ele, é difícil se relacionar.
"Vivemos tempos que priorizam a imagem e o consumo. Tudo é muito rápido. É importante compreender que não há fórmula mágica para encontrar o amor. Os aplicativos fazem parte de uma das formas de conhecer pessoas, mas há outras opções. Histórias de encontros inusitados não faltam, basta estar disponível. Os casais que alimentam o vínculo, assumem suas responsabilidades, respeitam o par e encontram maneiras de lidar com as adversidade, são aqueles que chegam ao amor maduro, geralmente tendo relacionamentos duradouros", explica ela. E isso independe se o flerte começou na fila do banco ou na tela do Tinder.
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