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Medo? Frustração? Usuárias contam por que desistiram dos apps de namoro

Deu Match!?

21/04/2019 04h00

Crédito: Pexels

As razões para que as pessoas decidam instalar um aplicativo de relacionamento são muito parecidas. Além de encontrar alguém, a maioria toma a decisão por curiosidade, carência ou até mesmo por timidez para paquerar ao vivo. Porém, para desistir há diversos motivos, alguns parecidos, como não curtir a dinâmica com a qual o flerte rola no ambiente virtual, ou mais particulares, como ter passado por alguma experiência ruim com alguém que conheceu na ferramenta. Leia estas histórias:

Após experiências traumáticas, Patrícia Serrano desistiu dos apps. Crédito: arquivo pessoal.

"Já fui perseguida e cobrada. As pessoas não deixavam as coisas acontecerem"

Patrícia Serrano, 25, é fotógrafa e conta que deixou de usar os apps porque não teve experiências muito legais. "Conheci um rapaz com quem tinha bastante coisa em comum. Nos encontramos, foi legal, mas quando ele me chamou para sair no dia seguinte, não pude aceitar. Andando na rua, dei de cara com ele, que tratou aquilo como uma casualidade e me ofereceu uma carona. Percebi que não era, quando notei que ele não estava com aquilo que disse que tinha ido comprar e, também, porque estava sozinho, mas já com um capacete feminino para o passageiro que não existia".

Depois desse episódio, a carioca conta que essas "coincidências" passaram a acontecer todos os dias. "Encontrava com ele em cada canto que ia, o cara me bombardeava diariamente com muitas mensagens e aquilo começou a me incomodar muito". A gota d'água foi quando, ao voltar do trabalho, percebeu que um carro a seguia, e viu que era ele. O jovem tentou disfarçar, e Patrícia, assustada, o afastou definitivamente.

Em outra ocasião, conheceu um cara que teve uma explosão porque ela não poderia sair no dia em que ele desejava encontrá-la. "Como antes do segundo encontro a pessoa fala em meus defeitos? Ele nem me conhecia direito. Acabei relevando porque para mim era uma forma de chamar minha atenção". Patrícia só terminou a relação quando, ao ir a casa do pretendente, deparou-se com um ambiente imundo.  Foi embora e nunca mais voltou.

"Acho que no meu caso foi questão de sorte. Baseada na minha experiência, percebi que prefiro os encontros à moda antiga, mais espontâneos, do que pelo aplicativo. Parece que a conversa flui melhor. Na minha opinião, nos apps têm pessoas muito carentes, que cobram demais, ou querem só sexo", conclui a garota.

"O app pode auxiliar algumas pessoas, mas a dinâmica do bate-papo não ajuda"

Dinalva Fernandes, 30, concorda com Patrícia. Após testar apps de relacionamento, ela prefere conhecer pessoas de maneira tradicional. Nas palavras da jornalista "a dinâmica do bate-papo não ajuda os mais preguiçosos e práticos".

"Quando baixei um app de relacionamento pela primeira vez, nem fazia questão de arranjar um namorado. Conhecia gente que havia saído ou se relacionado mais seriamente com pessoas que tinham encontrado pelo app e fiquei curiosa", relembra ela.

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A mineira diz que, a princípio, se empolgou com a grande oferta de perfis e passava horas visualizando as opções. Até que cansou! "As conversas, após os 'matches', não saiam da superficialidade e não tinha mais paciência para iniciar os mesmos tipos de papo. Decidi excluir o aplicativo".

Algum tempo depois, Dinalva decidiu dar mais uma chance aos apps, mas com outra tática: não conversaria por muito tempo e partiria logo para o encontro. "Conheci um cara e demos 'match' em dois aplicativos. Passamos a conversar e saímos em poucos dias. Após um encontro bem frio, percebi que até tínhamos algumas coisas em comum, mas expectativas bem diferentes. Depois disso, concluí que conhecer pessoalmente ainda é bem melhor para mim".

A jornalista Mayra Ribeiro afirma que, mesmo que ficasse solteira, não voltaria a usar o app. Crédito: arquivo pessoal

"Não pretendo baixar app nunca mais"

Mayra Ribeiro, 23, recorreu ao aplicativo por ser muito tímida. Como sentia que havia essa barreira para conhecer novas pessoas, viu na ferramenta um apoio que a ajudava na hora da paquera. Porém, o resultado não foi o esperado. "Fiquei bem broxada porque os homens eram bem superficiais e não queriam nada sério. Como as conversas não aprofundavam, acabavam rápido e nada ia pra frente. A solução que encontrei foi pular de app em app para ver se a situação mudava".

Apesar dessa primeira impressão, ela acabou saindo com um rapaz que conheceu no aplicativo. Surpreendeu-se ao encontrá-lo e perceber que era bem diferente da pessoa com quem tinha conversado. "No app era alguém bem comunicativo e na vida real mal abria a boca. Ele era um professor de Educação Física, mas pessoalmente era bem diferente das fotos. Paralelo a isso, acabei conhecendo um cara em uma festa da faculdade que tinha tudo a ver comigo e começamos a ficar. Aproveitei a deixa para desistir dos apps", recorda.

Hoje, Mayra namora Nauan, que conheceu durante um intercâmbio que fez para o Canadá, mas é categórica ao afirmar que, mesmo que voltasse a ficar solteira, não instalaria o app novamente.  "Não tenho a intenção de baixar justamente pelas experiências negativas do passado e do que eu vejo pelas pessoas próximas a mim. Todas se decepcionam porque as trocas pelos apps nunca vão pra frente. Isso é muito cansativo e frustrante".

Após encontros ruins, a fotógrafa Gabriela Nascimento resolveu abandonar os apps. Crédito: arquivo pessoal

"Quando usava apps, sentia que perdia tempo"

Gabriela Nascimento, 21, afirma ter abandonado os apps de relacionamento por não ter encontrado tantas pessoas interessantes ali. "O que me incomodava no primeiro app que usei é que eu tinha que passar muitas vezes para o 'não' para conseguir um 'sim' válido. Então, a taxa de conversão é muito baixa, perdia muito tempo indo para o 'não', para ir uma ou duas vezes para o 'sim'.   E, quando isso acontecia, nem sempre o cara tinha um assunto legal".

A fotógrafa é muito clara ao apontar as questões que a fizeram deixar o app. "São dois problemas: o aplicativo tem muita opção que não quero, não gosto ou não me satisfaz. E quando eu conseguia uma legal era uma agulha no palheiro. Por esse motivo acabava sendo muito cansativo. Era um passatempo, mas eu via que eu perdia muito tempo e eu tenho mais o que fazer".

Antes de desistir, Gabriela fez uma última tentativa usando um app indicado por uma amiga, menos popular, mas que tinha um diferencial que a agradou: filtros que permitiam fazer uma seleção maior dos perfis. "O lado ruim é que nesses apps mais bacanas tem pouca gente. Alguns aplicativos lideram o mercado e os outros acabam não tendo tanta performance, mesmo sendo mais qualificados e tendo um filtro e plano de negócio bem melhores. É como comparar Uber e Lady Driver, cuja ideia é legal, mas não tem um número de motoristas suficiente para atender a demanda", finaliza.

Por Eligia Aquino Cesar, colaboração para a Universa

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