Fora do Brasil, usuárias contam com app para paquerar e melhorar inglês
Uma das principais preocupações quando alguém resolve viver em outro país, seja para um intercâmbio ou de maneira definitiva, gira em torno das relações que irá estabelecer. Nesse contexto, os aplicativos de relacionamento, servem não só para arrumar um date, mas para, entre outras coisas, se enturmar e (por que não?) melhorar a comunicação no idioma que está aprendendo.
"Os homens aqui agem devagar, sem atropelar as coisas"
Greta Serrat, 37, vê nos apps uma boa maneira de conhecer pessoas não só com conotação amorosa, mas para amizade e parcerias de negócios. A microempresária conta que logo que chegou na Inglaterra, usava a ferramenta também para melhorar a comunicação, treinar a escrita e poder ter encontros, já que a conversa via mensagem acontecia de forma mais simples.
"Tive experiências bem legais com homens que conheci em aplicativo de relacionamento enquanto morava em São Paulo. Porém, é muito diferente o uso do app no Brasil e em Londres, porque são culturas diferentes. Aqui, além de serem claros se querem uma relação casual ou se desejam conhecer alguém especial, os caras têm perfis bem montados nos apps, engraçados, falando do que gostam ou não. Até a abordagem, que costuma ser mais inteligente, é diferente da feita pelo brasileiro", diz.
Segundo ela, o app em Londres é tão funcional quanto você conhecer uma pessoa em qualquer lugar. "No Brasil, as pessoas escondem quando querem só transar. Aqui, até para haver só sexo eles cortejam e são educados. Conversam por duas ou três semanas até chamar para tomar um café, não pedem nude nem falam coisas sexuais. Eles perguntam mais sobre personalidade, sua vida e amigos. Tem um cara com quem já tenho intimidade e o máximo que ele manda é que está com saudade de dormir comigo".
"Longe de casa, é preciso redobrar a cautela ao conhecer alguém no app"
Carina Borges, 31, morou em Dublin, na Irlanda, entre 2013 e 2015. Foi lá que recorreu aos aplicativos de relacionamento pela primeira vez na vida. Hoje, casada com Robert, polonês que conheceu durante o intercâmbio, a geógrafa avalia como no mínimo perigosas algumas experiências que teve no app.
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"Quando comecei a usar o app de relacionamento, a ideia inicial era driblar a dificuldade de conhecer novas pessoas, a diferença cultural do 'chegar junto', de me enturmar em uma novo país. Conheci homens de diferentes nacionalidades, alguns dos quais acrescentaram muito à minha vivência e outros que nem me lembro mais. Conversar todos os dias por mensagens e em eventuais encontros me auxiliou com o processo de aprendizagem da língua. Lembro de ter recorrido ao Google em alguns momentos para encontrar aquela palavra que faltava na hora do papo", conta ela.
Hoje, para ela, o maior problema é que muitas mulheres acreditam que coisas ruins acontecem apenas no Brasil e esquecem dos perigos dos encontros quando estão no exterior também, já que, nesse contexto, estão muito desprotegidas. "Olhando para trás, percebo que me expus a vários riscos desnecessários ao me encontrar em locais privados com pessoas que mal conhecia. De qualquer forma, o app me ajudou em um momento muito solitário, que foi o intercâmbio."
"Eles entendem que não é não"
Marcela de Araujo, 27, mudou-se para Seattle, nos Estados Unidos, para estudar. Com a intenção de conhecer rapazes interessantes, e também se comunicar melhor em inglês, a radialista resolveu instalar um aplicativo de relacionamento no qual era possível conversar com pessoas da vizinhança na qual ela moraria, antes mesmo de chegar ao país.
"Gosto dos aplicativos pela possibilidade de conhecer gente nova. Os caras que conheci aqui são bem respeitadores. Normalmente eles te chamam para tomar uma cerveja, ir a um bar ou ao menos tomar um café. Nunca forçam a barra", conta ela. "No meu primeiro encontro achei muito difícil bater papo, mas eu estava nervosa em conversar com alguém em inglês. Hoje, se tem uma palavra que eu nem sei falar ou não entendo, uso o Google. Estou aqui há nove meses e o app e os dates me ajudaram muito a melhorar o meu inglês".
Os norte-americanos, segundo ela, são muito diferentes do brasileiro. "Não adianta fazer charme fingindo falta de interesse porque o cara desiste. Eles entendem que não é não. Minha vida amorosa estava meio parada no Brasil e começou a andar tão bem, mesmo eu estando solteira, que me faz pensar 'nossa, eu queria um norte-americano para mim', simplesmente por achar a forma que eles nos tratam muito melhor".
"Eles são cavalheiros desde o primeiro contato"
Stefani Alzaga, 24, conta que a pouca experiência que teve com aplicativos de relacionamento no Brasil foi oposta a sua vivência em Washington, nos Estados Unidos. Por aqui, ela diz que a abordagem era mais direta e um tanto quanto agressiva, o que dificultava possíveis encontros. Já nos Estados Unidos a bacharel em Direito conheceu Jack, com quem namora há cerca de oito meses.
"Quando cheguei aos Estados Unidos conheci um rapaz no aplicativo que era um amor de pessoa. Tivemos um encontro muito legal, mas, apesar de educado, ele era muito retraído, por isso continuei usando o app. Foi aí que comecei a conversar com o Jack. Resolvi sair com ele depois que uma brasileira, que namorava o melhor amigo dele, me disse que o conhecia e que valia a pena arriscar e eu não me arrependi", conta ela.
"Os homens aqui são bem legais, deixam você falar bastante, o que demonstra que querem te conhecer mesmo. No Brasil, a maioria dos caras já chega te abordando de forma mais agressiva e, mesmo os mais educados, quando têm chance, levam a conversa para um lado mais sexual, mesmo que você deixe claro que não está a fim de nada casual."
Por Eligia Aquino Cesar, colaboração para a Universa
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