Usar apps de relacionamento pode te deixar menos confiante na vida real?
"Na minha época, a gente tinha que sair para conhecer outras pessoas". Atire a primeira pedra quem nunca ouviu alguém mais velho dizendo algo do tipo sobre como era o flerte nas décadas passadas. Ainda assim, são inegáveis as oportunidades de dates que a tecnologia trouxe. Porém, será que quanto mais usamos aplicativos para encontrar alguém no mundo virtual, menos confiantes nos tornamos no flerte cara a cara?
Atualmente, a lógica dos relacionamentos na era digital é simples: muitos solteiros saem menos porque, ao invés de frequentar bares e baladas para conhecer alguém, é mais fácil usar apps e dar likes direto do sofá de casa. Assim, para cair na gandaia é necessário gastar muita energia, e ter certa força de vontade. Junta-se isso ao fato de que as pessoas parecem estar cada vez mais intimidadas para abordar alguém na vida real. "Se a pessoa fica muito tempo no ambiente virtual, existem grandes chances de ela se tornar menos confiante na hora do contato real", resume a terapeuta Dirce Satika.
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Além das coisas que você fala, em uma paquera cara a cara existe todo um mundo de comunicação corporal que também faz diferença. Se a pessoa se mostra muito autoconfiante ou muito insegura, isso irá mudar as chances de ter sucesso na date. "Um sorriso, movimentos do corpo, tremores e até o tom de voz dizem muito sobre o nosso estado emocional. E, no flerte na vida real, esses sinais fazem parte do jogo da conquista. Já no mundo online, as trocas de mensagens escondem esse conteúdo emocional, facilitando o jogo da sedução", diz ela.
Nos aplicativos, a forma principal de rejeição é o famoso "vácuo", e é mais fácil deixar para lá uma pessoa que não te respondeu do que lidar com alguém que te diz que não está interessado depois de te olhar de cima a baixo na balada. Mesmo nas festas, não é difícil ver pessoas alheias à música e imersas nos aplicativos. É uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que o Tinder pode ser visto como um elemento que dificulta e dminui a confiança das pessoas no flerte da vida real, ele também ajuda milhares de usuário a encontrarem um parceiro.
Na defesa do Tinder e afins, a terapeuta afirma que usar aplicativos pode ajudar na construção da autoestima, porém é preciso tomar cuidado para não ser iludido pelas aparências da rede. "Ser desejado, ter muitos likes ou seguidores traz uma sensação, às vezes falsa, de que muitas pessoas estão 'por perto' e de que somos muito importantes. Mas isso nem sempre é verdade. Da mesma forma que os aplicativos ampliaram e facilitaram a nossa forma de nos relacionarmos com pessoas que eram até então desconhecidas, eles tornaram as relações mais superficiais e efêmeras", explica Satiko.
Por isso, o bom uso de aplicativos depende do usuário. Se por um lado os muitos perfis disponíveis podem te mostrar que existe "muitos peixes no mar" e que, mesmo que uma pessoa não te corresponda, existem mais 20 que você pode conversar, é preciso ter em mente que apps podem ser viciantes, consumir seu tempo e diminuir sua vontade de interagir na vida real.
A alternativa é utilizar aplicativos como uma ferramenta para estabelecer conexões e logo trazê-las para o mundo real. "Desde sempre o ser humano teve medo da rejeição, afinal ter carícias e reconhecimento são essenciais à vida. O que a tecnologia trouxe foram novas formas de procurarmos feedbacks nos outros, para nos sentirmos queridos e estimados. É preciso ter confiança e ela é algo que se adquire com a experiência, quase que em um processo de tentativa e erro. A cada fracasso, podemos reavaliar nossa estratégia, e a cada sucesso nos tornamos mais confiantes" finaliza ela.
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