Gordas no Tinder ignoram estereótipos e dão aula de autoestima
Meu nome é Talyta, tenho 22 anos e sou gorda. "Gordinha", dizem alguns amigos. Outros, relativizam: "Imagina, você não é gorda, quanto você pesa?". Sim, há pessoas mais gordas que eu. E sim, há muitas delas mais magras que eu. Já fui mais magra que elas, quanto tive anorexia aos 17 anos. Mas voltei a engordar, e o que importa é que eu demorei 22 anos para conseguir dizer isso. Nos aplicativos de paquera, então… Sempre precisava jogar a real antes de me encontrar com alguém. Eu interrompia o flerte mais ou menos assim: "Mas, olha, eu sou diferente das fotos. Olha, eu não estou no padrão. Olha… Não vai se decepcionar. Todo um caminho na expectativa de que o cara entendesse o que eu queria dizer.
Sou baixinha, cabelos castanhos, gorda, calço 35…
Certa vez, lá no começo de 2016, conheci um bonitinho no Tinder. Começamos a conversar e o papo fluiu, nossa conversa batia, mas não rolou. E tudo bem. Afinal, nem sempre rola. O problema é que, à época, pensei que não tivesse rolado porque eu era gorda. Balela! Rolou em outros momentos, com outras pessoas, e ser gorda se tornou, pra mim, só uma característica física como qualquer outra. Algo como "sou baixinha, cabelos castanhos, gorda, calço 35…"
Janaína*, 21, já saiu com vários caras que conheceu no Tinder e sempre se sentiu muito bem com eles. "Todos os meus encontros até hoje foram muito positivos nesse aspecto. A maioria dos caras de aplicativos com quem saio me elogiam muito", contou a empresária. "Geralmente trocava nudes antes do primeiro encontro, para que o cara percebesse que não estava no padrão. Mas, mesmo assim, já cancelei diversos encontros por medo de ser rejeitada".
Passei a me amar e entender que o sexo é uma troca que vai muito além de estereótipos
O plot twist da vida sexual de Janaína foi a massagem tântrica. "Fiz o curso e foi excepcional. Me senti poderosa, gata, e senti que o corpo me dá tanto prazer que fica até feio rejeitá-lo. É claro que é difícil, afinal vivemos em uma sociedade bombardeada por padrões. Contudo, passei a me amar e entender que o sexo é uma troca que vai muito além de estereótipos. Sou muito mais feliz hoje", afirmou.
Já Sofia*, 26, dá match atrás de match sem se importar com o corpo. "Até parece que eu vou me preocupar com o que os caras pensam. Se quiserem sair comigo, vamos lá, adoro me divertir. Mas eu também escolho, não é porque sou gorda que vou aceitar qualquer migalha. Vou sair se o cara estiver a fim de verdade. Se achar que tá me fazendo um favor, eu nem continuo a conversa.", contou a jornalista.
Demorei anos para entender que só eu preciso me achar sexy
"Eu uso os mais diversos aplicativos e tenho no mínimo um encontro por semana. Converso com os caras normalmente, não preciso dizer que sou gorda, ué, eles já viram nas fotos. Isso não é pauta. A pauta é onde vamos tomar uma cerveja e ouvir uma música boa. Já tive encontros incríveis e outros meia-boca, mas isso faz parte da vida de qualquer um, não tem nada a ver com o fato de eu ser gorda", disse Sofia.
"Demorei anos para entender que só eu preciso me achar sexy. Hoje, finalmente, parei com as dietas malucas e passei a amar o reflexo no espelho. Sou assim, gorda, gata, sexy e curto uma festa. Quem vem de match?".
*Os nomes utilizados neste texto são fictícios e visam preservar a identidade dos personagens
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