Topo

O BTI+ do LGBTI+: como apps de paquera recebem os outros membros da sigla?

Deu Match!?

04/07/2018 04h00

Mesmo com tantos aplicativos de relacionamento online, encontrar o amor pode ser bem difícil. (Foto: Pexels)

Não importa se você é um garoto que procura uma garota ou um garoto que procura outro garoto. Além do Tinder, há diversos aplicativos que podem ser bem úteis na busca por um amor, seja você hétero, gay ou lésbica. Aliás, gays e lésbicas têm espaço nos aplicativos em geral e, ainda, contam com plataformas específicas, como Growlr, Hornet e Grindr, para homens gays, e Her, Hinge e Bumble, para lésbicas.

Porém, se você não se encaixar em alguma dessas definições, o match pode não ser tão fácil de conseguir, pelo menos é o que atestam usuários das siglas menos comentadas do movimento LGBTI+, ou seja, quem é bi, trans ou intersexual.

A estudante de Políticas Públicas, Tahlia René, nos Estados Unidos, se tornou um caso comentado na imprensa internacional quando seu perfil no Tinder foi desativado pela plataforma sob alegações de "violação dos Termos de Uso". A conclusão de Tahlia foi que a remoção do perfil aconteceu devido a dezenas de denúncias de usuários que não aceitaram bem o fato de Tahlia ser transexual.

Veja também:

O fato é curioso, uma vez que, desde novembro de 2016, o Tinder alega ter adicionado uma lista com até 37 gêneros para cadastro no app. Na versão para celular brasileira do Tinder, as opções ainda ficam restritas a "homem" e "mulher".

De acordo com o Tinder, até metade do ano passado, já eram 250 mil matches com pessoas transgêneros. Esse número não contempla o empacotador Felipe Lara, de 25 anos. Usuário do Tinder há mais de três anos, Felipe é transgênero. Em sua experiência, aplicativos ainda não são locais abertos a transexuais. "É difícil. No celular, eu não conseguia colocar a opção de que eu era transgênero. Então, sempre deixei essa informação na minha descrição e, mesmo assim, aparecia garotas com dúvidas, gente que não sabia o que era", explica ele.

Essa falta de clareza no app, que se une ao estigma social existente, pode tornar a busca por uma companhia uma tarefa difícil. "Quando eu dava match com uma guria, eu mandava um 'oi' e, conforme a gente ia conversando, a pessoa via no meu perfil que eu era transgênero e sumia. Isso aconteceu várias vezes", relembra Felipe. Uma ajudinha do Tinder cairia bem. Felipe afirma que conseguiu cadastrar seu perfil na versão para computador da plataforma como "transgênero", mas que a alteração não surtiu efeito na versão celular.

Ainda que também não tão comentado na mídia ou entre a própria sigla LGBTI+, os bissexuais, ao contrário do que se possa imaginar, não são tão afortunados na busca pelo amor nos aplicativos, segundo a redatora Letícia Marques, de 22 anos e bissexual. "Se você for pensar no número de pessoas, aí ser bissexual aumenta, sim, essa quantidade de possíveis matches, mas acho que é só essa a diferença. Não é mais fácil encontrar uma pessoa legal".

A mentalidade dos usuários também é uma barreira para conseguir um match legal, já que algumas vezes eles "deturpam" o significado de bissexual. "Normalmente, os caras 'fetichizam' muito e tem algumas mulheres lésbicas que não curtem ficar com bi porque a gente beija homem, também. Nunca aconteceu nenhum problema muito sério comigo, mas já rolou do cara saber que eu era bissexual e logo depois insistir para um ménage ou alguma menina não receber tão bem a notícia", explica ela.

Há luz no fim do túnel

Mesmo com todas estas questões, Felipe acredita que aplicativos podem ser um bom local para encontrar uma companhia, ainda mais se ajustes como opções efetivas de cadastro de gênero forem empregadas nos apps. Além disso, para Felipe o Tinder é muito mais do que só o flerte. "Tem um outro lado bacana de apps como o Tinder. Lá conheci outros trans e podíamos conversar sobre as nossas experiências e realmente fazer amizades. Não é fácil encontrar alguém, mas não é impossível. Tanta gente usa estes aplicativos, não creio que você não vá achar alguém que queira a mesma coisa que você".

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

O BTI+ do LGBTI+: como apps de paquera recebem os outros membros da sigla? - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o blog

Notícias, curiosidades e muitas histórias de quem já se deu bem ou quebrou a cara nos apps de paquera.

Mais Posts