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Deu Match!?

Bem antes do Tinder, internet já unia casais; veja histórias

Deu Match!?

14/03/2019 04h00

Foto: Getty Images

Há cerca de uma década,  Carla marcou seu primeiro encontro com o homem que hoje é seu marido. Clara está casada há cinco anos. Júlia namorou por quatro anos um rapaz que conheceu em um grupo que falava sobre RPG (Role-Playing Game). Lucilene adorava estabelecer conversas com rapazes que não conhecia pessoalmente, só pelo prazer da paquera. O que essas histórias têm em comum? Todas tiveram início no mundo virtual.

Se nos dias de hoje aplicativos como Tinder, Bumble, Happn, Grindr e muitos outros são facilitadores para quem queira desde algo casual até um relacionamento mais sério, nos primórdios da internet — quando ela ainda era discada — as pessoas também contavam com uma ajudinha do mundo virtual para se dar bem na paquera. O Bate-papo UOL, assim como páginas da internet, como Metade Ideal e Par Perfeito, podem ser considerados os precursores dos aplicativos de relacionamento que conhecemos hoje.

Sabia o que queria

A jornalista Carla Moreira, 36, conta que resolveu se aventurar nesse mundo, porque tinha amigos cuja vida amorosa era bem agitada –e muito disso vinha das contas deles em sites de encontros e relacionamentos. Ela decidiu tentar e encontrou a página Metade Ideal. Conheceu alguns rapazes, mas sentiu que as coisas não estavam fluindo como ela esperava.

Foi só depois de conhecer alguns caras em salas de bate-papo virtuais, que encontrou a página que mudaria sua história: Par Perfeito. Ali, conheceu o marido, com quem completará onze anos de relacionamento em breve. "Os sites foram bons pra mim, porque eu já sabia o que queria no 'offline'. Só perdia tempo com amigos apresentando conhecidos ou em baladas. Estava com preguiça daquele jogo de 'liga ou não liga' no dia seguinte. No site, já fazia uma pré-seleção de acordo com alguns pontos que considerava importantes, conversava um pouco no chat e, se o papo fosse bom, saía", explica Carla.

Do site para o altar

Após alguns relacionamentos frustrados, Clara Sá, 36, tinha decidido colocar o próprio bem-estar em primeiro lugar. Solteira havia cinco anos, se sentia feliz dessa maneira, e não percebeu como estava acomodada até uma amiga a desafiar a fazer uma conta no site Par Perfeito. "Achei uma coisa brega e falei que não entraria de jeito algum. Porém, ela tinha plantado a semente: 'será que não quero mesmo? Estou me sentindo bem, mas se aparecesse alguém bacana seria legal'. Coloquei vários empecilhos e fiquei lutando com aquilo dez dias. Aí resolvi arriscar, mesmo achando tudo cafona e sem botar muita fé", conta a poetisa e artesã.

Ao fazer o perfil, Clara decidiu não retocar fotos nem florear histórias: seria ela mesma –e quem quisesse conhecê-la teria que aceitá-la do jeito que ela era. No começo, não se sentia atraída pelos rapazes que via porque estavam em busca de aventura, exatamente o oposto do que ela procurava. Durante dez dias entrava toda noite no site, até que, no dia do aniversário dela, viu um perfil que a agradou.

Ao contrário do que ocorre hoje nos apps de relacionamento, que permitem que as pessoas conversem com quem os interesse, os planos gratuitos desse site permitiam apenas o uso de frases prontas como "gostei do seu perfil", escolhida por Clara, que foi respondida por uma piscadinha. "A partir daí pensei 'como vou conseguir o contato desse cara?'. Então, assinei um plano que me permitia falar 24 horas com qualquer pessoa, o que incluía trocar contatos. No dia seguinte, ele me adicionou no Skype e conversamos por 15 dias até nos encontrarmos pessoalmente. Casamos no nosso primeiro aniversário de namoro. Estamos juntos há seis anos".

Um mundo de possibilidades

Lucilene Marinho, 46, teve seu primeiro contato no Bate-papo UOL, há 17 anos, após terminar um longo relacionamento. Com a ajuda do nickname Lua, gostava da liberdade que possibilidade de anonimato total dava a ela de falar aquilo que não teria coragem de dizer pessoalmente.  "Encontrei com alguns caras e mesmo tendo ficado com eles, parece que pessoalmente o papo não fluía. Era mais divertido quando era virtual".

Para a professora, tanto as páginas de relacionamento de antigamente quanto os aplicativos usados hoje em dia têm problemas similares àqueles encontrados na vida real. "Não contei a muita gente que eu usava o chat porque havia certo preconceito em relação a isso, achavam que você era solitária. Engraçado que eu tinha uma vida social agitada e no chat tinha conversas mais densas, que me deixavam mais alegre", pontua.

Tecnologia como aliada

Júlia de Mello Correard, 34, teve sua primeira experiência também no Bate-papo UOL, aos 20 anos. Foi em um chat de jogos que conheceu um namorado com quem se relacionou por quatro anos, sendo dois deles à distância. "Começamos a conversar via ICQ (um dos primeiros programas de mensagem instantânea) todos os dias e aí foi surgindo essa paixão virtual: eu em Juiz de Fora e ele em Belo Horizonte".

A educadora diz que desde nova vive no mundo virtual e que a internet sempre proporcionou a ela essa possibilidade de encontros, tanto que, além desse relacionamento, conheceu dois namorados com a ajuda do Tinder. "O lado ruim dos apps de hoje é a superficialidade. Eles são quase uma vitrine de seres humanos, o que acaba levando a uma objetificação nas relações, que complica muito. Apesar disso, não acho que antigamente era melhor ou pior do que é atualmente, é só uma consequência do tempo e do avanço tecnológico. Acredito que dá para encontrar gente bacana se você souber como lidar com a coisa", finaliza.

Por Eligia Aquino Cesar, colaboração para a Universa

Sobre o blog

Notícias, curiosidades e muitas histórias de quem já se deu bem ou quebrou a cara nos apps de paquera.

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