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Deu Match!?

Aplicativos para conseguir um amor? Às vezes, são só para pular a cerca

Deu Match!?

25/07/2018 04h00

Mesmo em um relacionamento monogâmico, existe quem ainda utilize apps para encontros extraconjugais (Foto: Pexels)

Para muita gente, o ápice da vida afetiva é encontrar aquela pessoa que será a companheira de todas as horas. Porém, mesmo com uma aliança no dedo, tem gente que está se valendo da tecnologia para aproveitar a grama verde do vizinho.

É o caso de João*, de 38 anos. Mesmo casado com outro homem há seis anos, ele é usuário do Grindr desde 2010 e não pensa em parar de usar o app. "Apesar de amar meu marido, não combinamos na cama e não me sinto desejado em casa. Ele não me procura para transar. No aplicativo, os caras me desejam, querem sair comigo mais de uma vez", explica ele.

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Até hoje, João nunca teve problemas em seu relacionamento monogâmico por conta do Grindr, mas confessa que toma alguns cuidados para não ser pego no flagra, já que o marido não sabe que ele usa apps. "Tento não fazer nada que me comprometa, também não dou meu nome real. Tento construir um mínimo de confiança antes de me encontrar com a pessoa, porque, se der merda, eu não tenho como explicar em casa", diz ele.

As regras são parecidas para Pedro*, de 45 anos. No início, ele utilizava aplicativos para encontros a três, junto da mulher. Porém, ele conta que, hoje, marca encontros para sexo escondido da parceira. "Procuro sempre total discrição, e se possível só saio com quem também é casado, já que o risco de dar problema é menor, visto que a pessoa está na mesma situação que eu", afirma.

Nos três anos de uso de aplicativos, Pedro já testou vários tipos, indo de Tinder a até Hornet e Sexlog. Hoje, ele não usa mais ininterruptamente os apps, e só os instala quando realmente está a fim de um encontro. "O combinado que tinha com minha mulher era sempre sairmos juntos. Mas, às vezes, o tesão fala mais alto ou o dia a dia impede que eu saia junto dela, então uso o app sozinho. Tento maneirar ou não deixar aparente que estou usando, por conta do ciúme", afirma ele.

Ainda assim, Pedro diz que, às vezes, se sente mal por estar pulando a cerca, principalmente, pela quebra de regras estabelecidas com sua mulher. O mal-estar também é sentido por João. "Gosto de novidades, safadeza, fetiches. Eu gostaria de ter isso no meu relacionamento ou que tivéssemos coragem de falar sobre esse assunto ou mesmo de terminar. Mas é complicado, moramos juntos e nos amamos", conta ele.

O psicólogo Joel Lerner Amato, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, explica que os aplicativos acabam sendo meios para extravasar essas "necessidades" que se manifestam fora do relacionamento. "Os apps facilitam o contato inicial, já que eles eliminam etapas desagradáveis de encontros, como o nervosismo, que é comum em conversas presenciais. Devido a questões como timidez, vergonha, entre outros bloqueios, algumas pessoas não se permitem vivenciar certas fantasias sexuais em relações presenciais, por isso buscam contatos nos meios digitais para efetivar essas experiências, e o anonimato tem grande papel nisso".

Joel avalia que é positivo o uso tecnológico para encontros. "Ainda que os aplicativos possam ser utilizados para relações impessoais, isso não muda o fato de que, por trás da tela, existem pessoas com expectativas e fantasias a respeito do que elas esperam encontrar em um relacionamento, seja casual ou algo que envolva um compromisso. Além disso, os meios digitais possibilitam que você cultive uma relação emocional com uma pessoa que está longe de você, e isso é bom. A libido também ganha, já que a tensão sexual pode ser alimentada por meio de mensagens, fotos e vídeos ao longo do dia, coisa que antigamente era impossível", diz ele.

*nome fictício

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